quarta-feira, 10 de março de 2010

O múltiplo violão de Toneco


Ele veio de Pelotas para Porto Alegre no iniciozinho dos anos 70, praticamente junto com Kleiton e Kledir. Tocava violão com a turma deles, que ainda nem pensavam em formar o grupo
Almôndegas.
Em 1973, começou a acompanhar o também iniciante compositor Fernando Ribeiro nos festivais estudantis e é esse o ano que se pode considerar como o primeiro da carreira de Toneco da Costa. Tocou e gravou com meio mundo, liderou grupos, e nunca investiu pra valer na exposição do próprio trabalho. Mas com Inverno, o disco de estreia, sempre cobrado e só agora lançado, ele paga a antiga dívida. O CD é tão bom que compensa a longa espera. Quem se acostumou a admirá-lo em shows de outros, aqui tem a exata medida da capacidade violonística e autoral de Toneco. Nem pestanejo ao afirmar que é um dos maiores violonistas do país, tocando o mais puro
violão brasileiro. Reúne precisão técnica e sensibilidade, sabe ser enérgico e suave, conhece
muito porque estudou muito e praticou muito. O disco começa e termina com a composição
Inverno em versões muito diferentes; a primeira com violão e a gaita ponto de Renato Muller,
a outra com violão, o sax soprano de Pedrinho Figueiredo e apercussão de Fernando do Ó.
Toneco divide o álbum em Suíte 1, com 14 temas (ou movimentos), e Suíte 2, com três. A classificação faz sentido, pois o diálogo entre o popular e o erudito é constante. São sete temas de
violão solo, um mais bonito que o outro. Há arranjos para violão e mais um instrumento, como
o violoncelo de Celau Moreyrano tema clássico Estudo em G; para dois violões (o segundo é Thiago Gonçalves, filho de Toneco, seguindo as pegadas do pai), como em Choro da Cidade; e para mais instrumentos, como em Marjorie, a faixa mais vigorosa e seus ares de chacarera, também com Pedrinho e Do Ó. Deixo de citar outras, pois quanto mais escrevo mais falta dizer.

@ Lançamento Fumproarte,
à venda no site Antares
Música.

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