quarta-feira, 10 de março de 2010

Canto do Estrangeiro


Viria como um rei
Se fosse por vontade tua.
Tão remoto no tempo
Da tua vida
Que nem te tocasse.
Viria com a alvorada,
Quase miragem debuxada
De uma ave
Sobrevoando a tua história.
Sem te possuir
Nem te pertencer,
Para o teu prazer um aceno
O mais natural
Seria o meu sinal no longe,
Isento de paixões
E cheio de glória:
Nada semelhante
À paz que sucede as guerras
No regresso de um Ulisses
Vagabundo,
Exausto de triunfo, como eu
Que penetro o teu mundo
Envolto em sombra
E para sempre me despeço
Ao desfiar a púrpura
Que a espera pôs
Nas tuas pálpebras.

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