segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

percepções












percebo a claridade no teu rosto:
uma luz vem do trigal,
se acomoda na brisa à tua volta,

(teus filhos colhendo espigas,
brincando de indio nos teus cabelos)

nesta luz te recebo,
de mãos dadas com tudo o que captas,
o ouro do chão, a gastura da terra,
a água lisa da lagoa, o barco com nome utopia
voos no azul, migração de estrelas,
enluaradas mãos calejadas equilibrando piruetas,

respirando, suspenso, paralisado, atento,
ao segundo
história legitimada,

assim tens, num clicar,
que te custou a viagem,
o naufrágio, a margem sinistra,
tens inteira, imagem, ofício
início

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

istambul



onde estaria, senão em istambul?

onde romperia tratados, senão em saunas da velha cidade, murando a mornidão verpertina?
brusco seio em bósforo, signo perdido no oriente, riscando paredes existenciais,
exibindo-se para para homero e horacio, homens de velas e cáftans
heranças que a lua belisca na pequena esmeralda

os tratados dividiram o que os tolos assinaram;
entre dois nao há linhas,
há superficies tocando a pele mansa, da mesma lua de pontas



cortante ocidente,
afia garras crescentes no brilho de urano,
lava templos inabitados, e
quando cresce, lua e lábio,
istambul,

hora sábia
branca liquida carne, derramada cheia,
aponta a passagem esmeralda

bósforo não finda,
acolhe o mar,
atira no átimo múltiplas
istambul istambul
pequenas contas de luz no fio
tomado o templo,
deusa humus
contrai o mito, esvai
ainda graal
unida nas graças do istmo,

istambul
e a lua, belisca com suas pontas crescentes.
lava
hora sábia
liquido ocidente dentro
em istambul