domingo, 28 de março de 2010

Como uma canção


Fazes crer,
que o amor chega
em alguma depressão do jardim,
é tão próximo,
cresce como erva daninha.
O ar faz a combustão,
e respiras para não esquecer,
não esquecer,
de teimar, de queimar.

Acreditas que só no sul
encontras o sol,
que a rima é um brinquedo,
de coração e metades.
No sul o frio é azul, é azul
(minto, minha mente esquece facilmente,
no sul o frio é cinza como o meu corpo),
como o céu, como idéias lentas
que não passam, que não chegam,
nuvens sem vento em qualquer lugar.

Fazes crer que ele chega
na raspa de um prato
de massa parafuso
com molho de alho, de alho.
Pode ser que venha de barco
descendo fios de ovos, de ovos,
empanando do-re-mis,
com a crosta do mistério.

Amor, não há chance! Não há!
Lança os lenços, como lanças canções,
digo adeus enxugando as mãos, as mãos,
nas cordas, nas costas, nas pontas,
volto à depressão do jardim, com azia, com azia.
Amar é tão bom, blimblom,blim,blom.

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