terça-feira, 23 de agosto de 2016

então quando chegar o tempo de semear
será  fim de inverno
haverá uma terra e um fio de luz
nas mãos, um desenho incerto,
de hera subindo em desatino;
o vento dirá,
num terno abraço a rodar
anda, cigana, vai amar




desdenho de mim mesma
melancolicamente 
portuguesa,
terra desvista 
nau insone
nau fragata
tudo some, orgasmicamente,
quero sair em busca de outro nome

terça-feira, 2 de agosto de 2016

viver uma vida para lembrar,
dia e noite apertar nos braços a memória
com que se alimenta o tempo amoroso das lutas
abraçar os dias e as noites, esperar
como se espera, a esfera dura do tempo
cantar no contratempo, no fio da canção
imaginar que tudo cabe coração,
girar no mundo pequeno da poesia
no universo da palavra dada
que é eterno e brilha em qualquer esquina,
mesmo quando passas sem me notar