sábado, 31 de julho de 2010

marinheiro fantasma


marinheiro, me leva
longe, deriva
no abraço,
lábio astro,
sussurra palavras
no centro da noite
nua em tua rota
não serei mais uma,
estarei una, corpo e
silêncio

cor da chuva

Passado



Tem tanto rancor neste ronronar asmático,
quanto os ramos de acácia secos
batidos no vento de julho.

O sal resseca as homenagens,
na foto especialmente pousada para o dia,
(do vaso azul, espezinham enganos).

Passos arrastam estalidos;
O passado é um clichê na parede
onde jazem fotos preto e branco.

descobri


descobri, sou porosa
às vezes opaca,
sei que inflo como vela no vento
e os poros se fecham
para que nada entre que não o mar

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Caçada aos lobos


A cidade que os homens deixaram de habitar está agora sitiada por eles

Não deve passar em claro o exagero que há na palavra sitiada

Como exagero haveria na palavra cercada ou outra qualquer sinónima perfeita

Os homens estão apenas em redor da cidade tão incapazes de entrarem nela como de se afastaram para longe definitivamente.

São como borboletas da noite atraídas não pelas luzes da cidade que já se apagaram há muito

Mas pelo perfil desarticulado dos telhados e das empenas e também pela rede impalpável das antenas da televisão.


De dia uma enorme ausência guarda as portas da cidade

E a ruas têm aquele excesso de silêncio que há no que foi habitado e agora não.

Na cidade apenas vivem os lobos

Deste modo se tendo invertido a ordem natural das coisas estão os homens fora e os lobos dentro
Nada acontece antes da noite

Então saem os lobos a caçar os homens e sempre apanham algum

O qual entra enfim na cidade deixando por onde passa um regueiro de sangue


Ali onde em tempos mais felizes combinara com parentes e amigos almoços intrigas calúnias

E caçada aos lobos



domingo, 25 de julho de 2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Saudades do Mar


Saudades do mar que vem e que vai, não sai com qualquer espuma, nem vela a bailar.
Fica na dele, vem e vai para o lugar onde queira andar, movimento e fúria, sereno mar.
Qualquer dia vou ficar olhando o mar, ficando mar, movimento parado, azul e verde que te quero
amar.

quarta-feira, 14 de julho de 2010


Poema do dia 10 de maio de 2010

dentro do meu coração

cabe mesmo um deus bem grandão

bem cheio da imprecisão

de quem tudo sabe

mas nada diz

pralém da ponta do seu nariz

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Inverno





Quando eu me for, no meio da chuva fina,

Planta-me uma folha em si menor,
Num sol maior dissonante
De bergamotas descascadas na soleira
Do inverno da minha infância.

Devagar como quem aprende a soletrar
Murmuro os nomes de minuanos,
Ventos navegantes que me alçaram ao sul,
Primeiro desterro,
Circulando ao redor do mistério.

Nada será lembrado que não for verdadeiro,
Todas as pequenas mentiras e todos os enganos
Serão somados ao receituário de vacinas.
Quero cantigas antigas e rocks caseiros.
Palavras como pão com manteiga, café com leite.

Mas toda vez que vier a chuva fina, como hoje,
Te levo também, inverno ensaiando
O caminhozinho lilás, aquarela
De cais e nuvens desfiadas,
Te embarco junto com o mais sagrado.

E quando eu for, memória de cascas,
Linha circular, pó de umbigo, rirei,
À toa, vadia como as rotas que me levaram,
Encharcada de sal, náufrago avistando a terra
De uma primavera.

quarta-feira, 7 de julho de 2010


A viagem não acaba nunca.

Só os viajantes acabam.

E mesmo estes podem prolongar-se em memória,

em lembrança, em narrativa.

Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:

Não há mais o que ver”, saiba que não era assim.

O fim de uma viagem é apenas o começo de outra.

É preciso ver o que não foi visto,

Ver outra vez o que se viu já,

ver na primavera o que se vira no verão,

ver de dia o que se viu de noite,

com o sol onde primeiramente a chuva caía,

ver a seara verde, o fruto maduro,

a pedra que mudou de lugar,

e a sombra que aqui não estava.

É preciso voltar aos passos que foram dados,

para repetir e

traçar caminhos novos ao lado deles.

É preciso recomeçar a viagem.

Sempre.

José Saramago




Apocalipse 20:9

"Então é assim o fim dos tempos."

Pensou, segurando a pequena mão e observando o céu escuro e turbulento enquanto surgiam bolas incandescentes, causando incêndios à medida que caíam. Preocupou-se se estariam a salvo, para onde poderia correr, e foi interrompido.

- Olha, pai, estrelas cadentes. Vamos fazer um pedido?

"Será que ainda dá pra desfazer tudo e voltar no tempo?", desejou, e arrependeu-se de não ter procurado, um minuto mais, a última foto dos três juntos.

Texto: Cristina Moreira

Alaúde




Tua música, tu, a musa,

Recolhe-me quarto vago,

Crescente o paraíso no meio do dia,

Tua espada brilha e nela me atravesso,

Alaúde.


Tenho pressa no passar da lâmina,

Ela que encoraja as preces

Antes do alvorecer, onde te deixarei ir.


Enquanto príncipe, me tens,

Nas púrpuras entranhas

Onde semeias meu corpo.


Então, como quem parte,

Deito-me na chuva

Para que a primavera me tenha flor,

Para que o verão, colheita e sumo,

Vinho que permanece depois de terminar.


segunda-feira, 5 de julho de 2010

Fui

o meu nome não está,
não é o caso de mandá,
asterisco é mais que cisco,
é um jeito de pulá
já que sou arisco
meu codinome Fui

por aqui e por ali
pego as nega e o escambau
dou um chute animal
nas boca, coisa e tal,
tá querendo a bocada
do nego Al MahAmadA
dono do quintal?

te manda mico
nessa to indo
não dá prá ficá caindo
nas pegada dos home,
tua vida é teu fim
minha nega é meu nome,
Fui

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Almoço cultural - Tamara de Lempicka e a Moda

Patrocinador:

Nascida Maria Górska no final do século XIX, Tamara de Lempicka foi a primeira artista a ser considerada uma estrela. A profª. Drª Joana Bosak, nesta atividade do programa Memória Cultural Polonesa, comenta a chegada dessa controversa personalidade a Paris, onde teve muitos casos amorosos e encontrou no mundo da moda dos anos 1920 o espaço para uma linguagem própria como pintora e artista do Art Déco.
Gastronomia a cargo de Aline Higa.

Conheça o cardápio.

Reservas até a véspera do almoço, às 18h, pelo 3254-7200.

Com Joana Bosak e Aline Higa
Data 7 de julho, quarta-feira
Horário das 12h20 às 13h40