quarta-feira, 23 de novembro de 2016

dance, dance de rosto colado de alma lavada menina levada não esqueça de rodopiar no intervalo do um, dois tres quatro enrole, desenrole abrace a música se deixe levar

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

chove devagarinho, então não quero falar do presente, só do passado.
onde é que tu anda, passado?
vem me abraçar novamente, já não tenho mais tanto medo





















quarta-feira, 16 de novembro de 2016

lusitana se fez a língua
de novo, novinha, lustrosa
bebe no rio eterno, na casa sagrada

do tempo se fez a fala
urgente de toda outra palavra

da margem se fez caminho
traçado formigando no mapa


do espaço, se fez a luta
nele abraço mortos,
canga e o limo
que a fina praia índica lamina










exuberante jardim
faço de tudo, 
e de nada:
debocha de mim!
sabe a rosa que cala
na mão errada, espinha?
é assim, água de beber
terra de colher,
leio folhas, linhas cabais
desatinos hão de rolar
antes da meia lua,
chuva de sementes
chove chuvinha,
andarei na sombra,
na sombra descansa a luz

sábado, 12 de novembro de 2016

gosto de incêndios
a paz, é cinza
no esquecimento








recebi pedido de inimizade
já não sou unanimidade
desisto da mediocridade

domingo, 6 de novembro de 2016

novembro vai passar inteiro
de um a trinta, aposto
palavras enlaço, não largo
ainda estranho o suspiro preso
atado no arco, alvo certeiro,
se a flecha alcança o que gosto
e o desejo acena tudo que apago,
partilho o peso
do aço que tenho no peito
que corta e lembra









quinta-feira, 3 de novembro de 2016

esta noite sonhei com o Chico Buarque
em vez de lavar louça vou sair pra caminhar
moreno vem me salvar deste mundo de araque
que estou a inventar
tudo por causa do face, da rede, do conhaque
tudo por causa do sonho que sonhava,
moreno vem me ocupar, tu é meu destaque
ta faltando arroz, leite e sabão,
na escola tem filho exemplar,
e o exemplo é a escolha, vou sair pra caminhar

esta noite sonhei com o Chico Buarque
estava a me cantar morena dos olhos d'água
não sou morena, nem ana de amsterdã, sou tua claque
mulher de almanaque, de forno e fogão
que sabe a duras penas quanto custou atenas
por debaixo das saias, quanto ataque
em vez de lavar roupa vou sair pra redenção
vou com a manada ocupar lugar de humano
deixei louça na pia, café passado e pão
vou sair pra caminhar