sábado, 24 de junho de 2017

no fim do dia
com as devidas bênçãos
cada canto se recolhe
fica o silêncio,
nem troctroc de formiga
até mesmo a lesma se encolhe
da geada que promete,
escuto o último pio
no galho do abacateiro
e aceno à bem-vinda noite
vejo o céu escuro pela janela,
na porta, teu corpo ocupa todo o espaço,
troco o disco debaixo da pequena lâmpada,
"o meu amor tem um jeito manso que é só seu"
pontos de vista diversos me maravilham,
um friozinho vem do jardim enquanto fumas,
"a minha pele fica toda arrepiada"
do tempo faço partes que reparto pelos dias,
"até minh'alma se sentir beijada"
estrelas entram contigo quando retornas,
ocupo todos os versos no abraço,
"que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos"
não há bagagem, nem há volta,
a cerveja congela, meu deus do céu,
"depois brinca comigo, ri do meu umbigo"
digo as frases mais incoerentes,
porque tem uma primavera na sala
"meu corpo é testemunha do bem que ele me faz"
pontos de vista diversos nos separam,
quero dizer "chico, feliz aniversário"
ele canta, ele cala toda a coisa não dita
"de pousar as coxas entre as minhas coxas
quando ele se deita"
pontos de vista diversos guardam nosso olhar
empilho os momentos e guardo no armário,
"eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz"
aprendendo
esqueço
lembrando
volto
ficando
vou embora
contigo
a terra move
desobedeço todo santo dia
e peco sempre de pé
na rua, no campo, indo
sem rumo
até voltar presa na gravidade
do caminho que me torna
a velha cidadã desobediente
do dia seguinte

quarta-feira, 7 de junho de 2017

tempo, vasto tempo relativo,
muda tempo, pequeno grande tempo
de chuva e desamparo,
o rio sobe no seu estuário,
ilhas flutuam ao redor do cais
muda tempo, muda mundo indiferente,
só não muda meu amor pelas gentes,
pessoas, animais , plantas e nuvens
e das estrelas ao redor