sábado, 30 de outubro de 2010

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

De Helena Ortiz

FERREIRA GULLAR - ELEIÇÕES POESIA E DROGAS

Todo o mundo já deve ter lido a entrevista de Ferreira Gullar abrindo seu voto para Serra e a inevitável repercussão.

Dediquei-me ler os comentários sobre a entrevista em vários blogs que a publicaram e acho que o povo está sendo muito severo com o poeta.

Os adjetivos usados são os piores - aqueles que a gente usa quando quer desmoralizar o desafeto. Velho é o mais usado, querendo dizer com isso que deve estar gagá, ou acometido de alguma doença que lhe altere o raciocínio, embora ele esteja, como diz, aos 80 anos, gozando da mais perfeita saúde, e recebendo prêmios.

Não se trata aqui de defendê-lo porque é poeta. Trata-se de compreender que uma pessoa muda de posição e tem direito de mudar. Equivoca-se com o que quer se equivocar. E até se destempera, se lhe dá na telha.

Penso que Gullar e sua poesia foram importantes para o Brasil num determinado contexto histórico. Passado isso, Gullar teve que cuidar da vida, e seguiu em frente. Foi ganhando espaço até chegar a um momento em que foi considerado o mais importante poeta vivo do Brasil - o que seu passado de luta muito ajudou. Mas foi considerado por quem? Nunca se sabe. Pela mídia? Pelo universo de leitores de poesia?
E então, o que aconteceu? Mudou de turma. Ficou livre para ser (sempre foi) amigo de Sarney (deve ter sido Sarney quem lhe disse que no nordeste não existem pobres, conforme está na entrevista), e é colunista da Folha. (Algumas idéias expressas na entrevista parecem vir de editoriais). Não é por nada que Jabor é lembrado junto, quando se trata de dar exemplo de quem mudou de idéia.

Mario Vargas Llosa acabou de ganhar o Nobel e não vi ninguém se insurgindo contra o fato porque ele seja de direita, seja lá o que isso for, mas chamemos de direita o reacionarismo, a rejeição ao novo, o medo dos avanços. Talvez porque Vargas Llosa seja, mundialmente, considerado um escritor enorme. Não sei se Gullar é tão grande como poeta.

Além de votar no Serra, Gullar é contra a legalização das drogas. Tem seus motivos, mas são motivos particulares, e considero no mínimo egoísta querer impedir que uma multidão de usuários deixe de ser perseguida pela polícia porque em algum momento ele mesmo, ou qualquer pessoa com a mesma opinião, precisou lidar com problemas decorrentes. É o mesmo caso de alguns psicólogos e afins que são contra as drogas porque recebem em seus consultórios muitos dependentes. Ora, o universo dos consultórios é mínimo em relação ao número de usuários. E é melhor frequentar consultórios do que cadeias, não é mesmo? Até mesmo para os psicólogos.

Dito isso, considero que a ofensa não é a melhor política para o período que antecede as eleições; que Gullar, se não é nosso maior poeta vivo, ao menos está vivo e é uma voz dissonante. A maioria dos poetas e intelectuais está fora do debate. No máximo, assina listas. E afinal, sempre fui contra o pensamento único.

Quanto a mim, votarei por minha tia, que morreu querendo votar em Dilma. Farei isso por ela porque nela, sim, eu acreditava. Votarei na mulher que Dilma é, com seu passado de militante e sua coragem de enfrentar tantas forças num universo de homens - coisa difícil.

Espero, no entanto, que reveja muitas posições em relação às quais se atrapalhou durante a campanha, imagino que em virtude das abomináveis alianças. De resto, é esperar.
E rezar.



Crente
eu também sou.
A poesia é minha religião.
O sol, meu deus.
A maconha, minha hóstia.
O silêncio, minha igreja.
E meu corpo,
altar para o milagre cotidiano

Dúvidas eu só tenho
sobre quem não duvida

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

Lançamento do livro "De Guaxos e de Sombras"

Lançamento do livro "De Guaxos e de Sombras"

A profª Drª Joana Bosak lança no StudioClio o livro "De Guaxos e de Sombras", um ensaio no qual propõe a análise da permanência do gaúcho como portador de uma identidade regional e cultural em nossos dias. O arquétipo, que teve origem nas fronteiras da história do Rio da Prata, segue em desenvolvimento muito peculiar no Rio Grande do Sul. A reflexão propõe, portanto, indicar uma origem, um processo de construção identitário, um sentido de permanência, e ainda vislumbrar suas metamorfoses ao longo do tempo.

Saiba mais.

Com
Joana Bosak
Data 27 de outubro, quarta-feira
Horário 19h30

Patrocinador:

"de guaxos e de sombras"

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

terça-feira, 5 de outubro de 2010

orquídeas

CONVIDA PARA O

Pocket show com Wanderley Falkenberg

& participação especial de Toneco da Costa

09 de outubro de 2010, sábado, 19h

Na Palavraria

Desde 1977, Wanderlei Falkenberg se encontrava radicado no centro do País, atuando como publicitário. Agora retorna, para mais uma vez dar sua contribuição à nova – e tão rica – fase que a música gaúcha vive no momento. Neste pocket na Palavraria, apresenta-se acompanhado do músico Toneco da Costa, seu amigo e parceiro de composições.

Embora Wanderlei Falkenberg já fosse um nome conhecido no meio musical estudantil de Porto Alegre, sua carreira como compositor firmou-se a partir de 1968, quando, aos 19 anos, teve duas músicas suas classificadas entre as finalistas do I Festival Universitário da Música Popular Brasileira, promovido pela Faculdade de Arquitetura da UFRGS. Uma delas, “Canto do Encontro”, foi escolhida como 3ª colocada entre mais de 20 finalistas participantes. No mesmo ano, Wanderlei, em parceria com Luiz Sant’Anna, foi também finalista da etapa gaúcha do festival de nível nacional aqui promovido pela então TV Gaúcha (hoje RBS). Título da sua música: “Sexta-feira 13”. Já em 1969, quando do II FUMPB, Wanderlei esteve novamente entre os primeiros colocados, conquistando a 5ª colocação com “Dia Um”, novamente em parceria com Sant’Anna. A partir daí, paralelamente ao seu trabalho como compositor e produtor de fonogramas musicais publicitários, Wanderlei criou e participou de algumas das mais marcantes iniciativas, na música do Rio Grande do Sul: o grupo “Mordida na Flor”, que buscava uma renovação/atualização da nossa temática musical; o espetáculo musical “Amelita – Cabeça, corpo e membros”, com Cláudio Levitan e alguns dos grandes músicos do pop gaúcho; “Própolis – Cidade a Favor”, com seu múltiplo parceiro Giba-Giba e outros nomes de peso.

Toneco da Costa é violonista, arranjador, compositor e diretor musical. Autor de trilhas para teatro, dança e publicidade. Ao longo de sua carreira, desenvolveu importantes trabalhos com Ayres Potthoff, Nelson Coelho de Castro, Fernando Ribeiro, Gloria Oliveira, Jeronimo Jardim, Pedro Figueiredo, Paulo Gaiger, Pery Souza e Lourdes Rodrigues, entre outros. Recebeu o Prêmio Açorianos como arranjador em 1994, 1995, indicação em 1998, 1999 e 2010. É autor de trilhas para teatro, dança, publicidade e vídeos, com destaque para a música da peça Crônica da Cidade Pequena, do grupo Tear, ganhadora dos prêmios Açorianos e Mambembe - Inacen/Ministério da Cultura em 1985, composta em parceria com o flautista Ayres Potthoff. Desde 1994, atua como violonista e diretor musical do Grupo Vocal Muito Prazer, quarteto que se dedica à MPB e que tem se apresentado em projetos como o Pró-Arte, Música nas Esquinas e Música na Catedral, em cidades do interior do Estado, e em Porto Alegre, no Café Concerto Majestic, Teatro Renascença, Teatro Bruno Kiefer e Sala Alvaro Moreyra. Em 2009, lançou seu primeiro CD solo: “Inverno”, obra instrumental que registra todo o seu talento e concepções musicais com rara fidelidade.

Palavraria Livros & Cafés

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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

sábado, 2 de outubro de 2010

o fotógrafo


examinei com lupa teu dom de clicar imagens
e vi, como numa pintura rupreste
a história contada pelo tempo, a respiração
lenta que circula na água que a terra bebe
e que se umedece na cal do teu olho,
são manchas que não se extinguem com o rumor
da lente, são marcas que se exibem como
cicatrizes a mostrar o efêmero caminho
que percorres no sal da eterna busca;
nada se move além da imaginação.
da parede ruína, uma claridade diz do pesar,
da tua passagem peregrina,
a melhor luz, o melhor ângulo, o foco
da divindade, aceso para a tua eternidade,
o criador da sua semelhança,
ainda que bastarda.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Flor no chão


Flor é pro galho,
pro vaso,
enfeitar o dia,
a casa,
alegrar, lembrar,
bem-me-quer,
mal-me-quer
a flor no chão
não-me-quer

Maria-faceira


Maria-faceira
Cara azul
Bico rosado
Esgueira
Maneira
Espia o rio:
Espelho, espelho meu.
Há neste mundo
Ave mais bela que eu?