segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A vida é trompe-l'oeil




A vida é a da sorte e a do azar.
A escolha faz o final.
Uns a têm, outros não.
Simplesmente
uma face, outro lado.
Sinônimo da sobrevivência,
do excelente viver.
A medida é possuir a sorte
ou estar congelado ao azar.
Num país como o Brasil
é só o que conta.
Noutros também.
A vida é útil e bela em si.
Mas o seu fluxo,
seus destinos arbitrários
são injustos e desequilibrados.
Parecem arquitetados pela mente
mais doentia e perversa que
se pode imaginar existir como
a divindade de torto senso.
Honestidade é a fraqueza mais débil,
lealdade, um bilhete roído pelos ratos,
talento é escatologia,
inteligência para o bem, uma utopia,
cultura e elegância, motivação de
escárnio e deboche.
Supérfluos descartáveis.
A vida é vale-tudo,
golpe baixo, ética gasosa.
Condena alguns aos infortúnios
mais desesperados,
injustiças próprias às maldades
dos demônios,
castiga a quem não merece
e contempla guarida, confortos,
benefícios e extravagâncias
a quem nunca os apontou.
Esforços são dos tolos.
Ouro folhea biografias.
É assim por todo o lado.
Basta olhar ao lado.
Seja mau,
mentiroso,
enganador,
você será
admirado,
temido,
respeitado,
ganhará a proteção
dos deuses e
como prêmio,
o paraíso na Terra.

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