segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Na janela



Fico na janela
como quem lembra ter plantado amores-perfeitos,
meu bem, meu mal,
debruçada na memória do pretérito imperfeito...
Minúsculo universo,
soleira e convergência
das ciências ocultas nos teus olhos.
Abraço o sagrado,
o eu enamorado do tempo
passa cego junto da fortuna.
Não devia ter despertado sob o teu signo,
nem ter juntado pedrinhas sinalizando o futuro.
Fico dentro,
bebida no fio de luz,
veneno que nos une,
tomado vagarosamente como porto seguro.
Fico fora
como reflexo de outro som,
ouro e sina de cantador barato na calçada.

Sigo sombra e herdeira.
Há beleza na palavra que não sei dizer.

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