terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Iemanjá
Quando falares com ela, a Rainha do Mar,
não esquece de colocar um barco com flores,
perfume, pente e missangas e um desejo.
Deve ser doce, como os óleos que passarei no teu corpo,
deve ser terno como a minha mão na tua pele,
ardente como a espera de um marinheiro no cais,
perfumado pelo suor do teu abraço,
forte como a palavra que guardo e digo,
derramada inteira, na hora do gozo.
Mas se não quiseres falar, cala.
Faz esquecer as horas que não tivemos,
das risadas por nada e dos dias de marujo.
Fica quieto, mudo como um caracol,
lento como a lua cheia, invisível e leve,
dissolve as noites junto do vento sul.
Levada pelo mar, morrerei de cansaço, mas...
manterei postura altiva e olhar perdido
no pedido de um outro Ano Novo.
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