terça-feira, 29 de março de 2016

domingo, 27 de março de 2016

dia e noite

pesa em cima de mim, sim
leve e fundo,
perturba o dia,
volta com a luz que te ilumina
o sol te conduz pela mão

depois te distancia
é preciso a própria companhia
corpo e alma em descanso
pra que se recomece desde o início,

o ar fresco da rosa de outono
também se inscreve no fogo que alimenta
a noite futura

quinta-feira, 3 de março de 2016

ninho de cordas

as canções me acordam, meu bem
nelas uma chuvinha bate
no compasso, deixa que embale
as cordas vibram, as cordas vivem

as canções dançam no céu e na flor
no chão, no copo, no mesmo quilate
que brilha na liga de ouro do amor
e quem canta leva o espanto e a dor

a palavra diz que tem
ninho de cordas neste andor
troca logo de fio, que som maior
vem da viola de corda nova, doutor


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

nada deixo, além do lixo que separo
amigos que amparo, poucos
nada fica, palavra louca
os filhos falam por si
sim, falo e não digo,
nem sempre fico


o chão que piso
é o mesmo teu
duro pra mim, macio
às vezes por fim
nunca sou o que esperas
esta é só a casca da quimera
que separo no lixo temporal

na pauta

lua quase em sol,
noite quase dia
olho quase boca, queria
quase canto, canção
dizer na pauta, sol na lua
luz que canta, harmonia
como a noite, me aninha

vem quase meu, toma o corpo
toca a alma
e faz o dia, além
meu bem, meu quase bem
um canto, quase chão
uma sílaba, quase tom
partida de canção





terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

os mortos
se vão rapidamente
o fogo não para
queima corpos,
queima tempo,
talvez alma

antes a terra acolhia
antes era um campo santo
agora um estacionamento

já não falo com meus mortos
em quinze minutos vence a vaga,
corpo sem alma, alma sem tempo



quarta-feira, 20 de janeiro de 2016