marinheiro, me leva longe, deriva no abraço, lábio astro, sussurra palavras no centro da noite nua em tua rota não serei mais uma, estarei una, corpo e silêncio
A cidade que os homens deixaram de habitar está agora sitiada por eles
Não deve passar em claro o exagero que há na palavra sitiada
Como exagero haveria na palavra cercada ou outra qualquer sinónima perfeita
Os homens estão apenas em redor da cidade tão incapazes de entrarem nela como de se afastaram para longe definitivamente.
São como borboletas da noite atraídas não pelas luzes da cidade que já se apagaram há muito
Mas pelo perfil desarticulado dos telhados e das empenas e também pela rede impalpável das antenas da televisão. De dia uma enorme ausência guarda as portas da cidade
E a ruas têm aquele excesso de silêncio que há no que foi habitado e agora não.
Na cidade apenas vivem os lobos
Deste modo se tendo invertido a ordem natural das coisas estão os homens fora e os lobos dentro Nada acontece antes da noite Então saem os lobos a caçar os homens e sempre apanham algum
O qual entra enfim na cidade deixando por onde passa um regueiro de sangue Ali onde em tempos mais felizes combinara com parentes e amigos almoços intrigas calúnias