quinta-feira, 29 de abril de 2010
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Chove peixe
ou poderia chover! No ar 100% água, por que não? Pode ser alucinação, mas vejo vindo um brilho acima dos telhados, podem ser sapos molhados, mas também pode ser um cardume isolado saído do Guaiba, enfadado da mesma água, dos objetos levados pelo arroio ou do curso que a correnteza faz quando encontra uma frente fria no outono...Sim, poderia ser um grupo rebelde vendo possibilidades no mercado imobiliário aquático, uma piscina de clube onde frequentadores cansados das braçadas do verão, praticam, agora, velozes bicicletas paradas.
Em Macondo havia sapos no ar, aqui a umidade é 2% maior, por que não?E se parasse de chover? Como seria? O que fariam os peixes, agora adaptados ao cloro?
Pense nisso, enquanto vou lá dentro fazer o IR.
Em Macondo havia sapos no ar, aqui a umidade é 2% maior, por que não?E se parasse de chover? Como seria? O que fariam os peixes, agora adaptados ao cloro?
Pense nisso, enquanto vou lá dentro fazer o IR.
2 Outonos
Ele
Já começa a beijar o meu pescoço
com sua boca meio gelada meio doce,
já começa a abrir-me seus braços
como se meu namorado fosse,
já começa a beijar a minha mão,
a morder-me devagar os dedos,
já começa a afugentar-me os medos
e dar cetim de pijama aos meus segredos.
Todo ano é assim:
vem ele com seus cajás, suas oferendas, suas quaresmeiras,
vem ele disposto a quebrar meus galhos
e a varrer minhas folhas secas.
Já começa a soprar minha nuca
com sua temperatura de macho,
já começa a acender meu facho
e dar frescor às minhas clareiras.
Já vem ele chegando com sua luz sem fronteiras,
seu discurso sedutor de renovação,
suas palavras coloridas,
e eu estou na sua mão.
Todo ano é assim:
mancomunado com o vento, seu moleque de recados,
esse meu amante sedento alvoroça-me os cabelos,
levanta-me a saia, beija meus pés,
lábios frios e língua quente,
calça minhas meias delicadamente
e muda a seu gosto a moda de minhas gavetas!
É ele agora o dono de meus cadernos, meu verso, minha tela,
meu jogo e minhas varetas.
Parece Deus, posto que está no céu, na terra,
nas inúmeras paisagens,
na nitidez dos dias, no arcabouço da poesia,
dentro e fora dos meus vestidos,
na minha cama, nos meus sentidos.
Todo ano é assim:
já começa a me amar esse atrevido,
meu charmoso cavalheiro, o belo Outono,
meu preferido.
No escuro, o contorno
do corpo, na mão a pele.
Leve-me folha amarela
no vento, na trilha dele.
Dele faça-se berço e
da mortalha humus,
subterraneamente ele,
estrume e criação.
Dela, sopre-me arrepios
para partir-se o fio tênue
da carcaça livre
de desafios e noites insones.
Não há paz, só sementes e ditos
enverdecendo no leito derramado
onde esparramo primavera.
Não há como obstruir infernos,
crepitam lentos o lenho e a perdição
onde tento te encontrar.
E te encontro na terra farta
de enchentes, debaixo das unhas
gastas de te tatear, lisa e perfumada
guardada porosa para que eu entre no
tempo.
Te encontro na falta, no recolhimento
de pios e brotos e de liras e de tempos
passados sempre pontuais nos teus segundos,
nos teus terceiros e nos punhados
de intenções.
Resta-me esperar-te cumprir-te
no cio que te desenrola, na mesma história
te acompanho, desde sempre e ainda.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
quarta-feira, 21 de abril de 2010
CICUTA
Este é um bom coquetel
para quem ficar na escuta
de uma história de aluguel
cuja dama, de repente,
fez da vida um bordel,
- cicuta, cicuta-
Foi o que bebeu em cena
o antigo grego que vacilou,
de pena, sua mulher alcançou
um corno com o veneno
- beba logo, não discuta...
-cicuta, cicuta-
Servido numa guampa
finamente decorada,
acompanhada de um prato
com fio de ouro e pó xadrês
ri-do-rato e era uma vez...
-cicuta, cicuta-
E assim seguiu a dama,
desfiando o seu cordel,
a buscar outro lugar,
Paris ou Madagascar...
A policia nem vai achar
vestigios desta biruta
-cicuta, cicuta-
Na estrada achou um turco
que teimou em lhe encantar
com aquela adaga curva,
uma cobra em seu alguidar,
que a flauta ociosa disputa
acima de tudo tocar
-cicuta, cicuta-
Nesta vida errante
nem sangue lhe cura,
nem remorso lhe turva,
tudo parece normal!
Mesmo o olhar no espelho
a lhe cutucar
-sua puta, sua puta!-
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Transtorno bipolar.
Vista-se e saia do meu quarto
Não sabes que não tolero desacato?
Vire-se de ponta-cabeça
Mas não arrume razão pra que eu te mereça
Sabes que te amo tanto e que te quero bem
Entenda que sem você sou menos, sou ninguém
Veja-me, toca-me, olha-me, deseja
Sou aquela que melhor te beija
Falo sério quando peço que me esqueça
Não brinco quando falo: DESAPAREÇA
E quando digo que não há sentimento que floresça
Senta do meu lado e olha dentro de mim
Por que se me traduzes, fico pertinho assim
Não, esqueça o que eu disse e fique comigo e FIM.
Vire-se de ponta-cabeça
Mas não arrume razão pra que eu te mereça
Sabes que te amo tanto e que te quero bem
Entenda que sem você sou menos, sou ninguém
Veja-me, toca-me, olha-me, deseja
Sou aquela que melhor te beija
Falo sério quando peço que me esqueça
Não brinco quando falo: DESAPAREÇA
E quando digo que não há sentimento que floresça
Senta do meu lado e olha dentro de mim
Por que se me traduzes, fico pertinho assim
Não, esqueça o que eu disse e fique comigo e FIM.
Lua
BATATA
reflexões na cozinha
reflexões na cama
quinta-feira, 15 de abril de 2010
O Verso
maldição
segunda-feira, 12 de abril de 2010
O falo e a fala
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Musicais de abril
As tardes de abril
Luiz Heron da Silva & Isolde Bosak
O sol arde às cinco
E chegas às seis
Me trazes calor
Me tiras o ar
Nas tardes de abril
Te abrigas em mim
O sal cai em gotas
Suor sobre ti
Que brilhas na luz
Metades de sol
Quem sabe de nós
Paisagem macia
Tua pele na minha
Em poros e pelos
Impressa inteira
Depois do luar
Desmanchar o dia
Saindo desenhas
Palavras no tempo
Sussurras nas horas
Silêncios de abril
quarta-feira, 7 de abril de 2010
ontem
aconteceu ontem,
das ondas vinha um som
uma risada, um homem,
num copo d´água
neon
amante atento
em cada palavra
depositada no fundo
ninguém tão constante
mil dias antes.
Ontem ficou no mar
das ondas vinha um som
uma risada, um homem,
num copo d´água
neon
amante atento
em cada palavra
depositada no fundo
ninguém tão constante
mil dias antes.
Ontem ficou no mar
o mar
está lá o mar
nem ouve
estala
houve tempo
ouvia
atento
de tudo dentro
que saía
bolota e fiapo
um trapo
transparente como um olho
olhava grãozinho na areia
pegada alheia da barbatana
sereia
danada fugiu com um sujeito
meio cobra
meio vida
hoje o mar vira
como espuma de cerveja
troveja e salta sal
finge que não vê
aquele cara com a bailarina
num banco da avenida central
rastro
o dia inteiro em você,
passei o mundo a limpo,
estudei matemática,
física quântica.
acho que o dezoito
não é só um pernoite,
é também uma data bata beta,
o dobro de nove na porta mais alta,
azul,
talvez vinte e dois,
quinta-feira, entre mesa e areia.
não somou, nem diminuiu,
nanopartículas por mim.
uma idéia, projeção arquétipa,
redundando num ou dois cantos de boca, batom,
uma linha, um rastro na raia,
geometria de espera,
os cantos gulosos.
cão
cão sem dono
ser que lambe poros
ocos de espera pulsante
tua lingua pode ir
além da esfera virtual
teu medo da guia
cavoca vãos
cão azul perdido
de árido coração
que mares, que sinas?
cruzas perene
recônditos sombrios
submersos desvios
cão sem guia
tua gula
beija a palavra?
larga o latim
ele também fantasia.
deixa os autores
na poeira.
cavaleiro inexistente
versinho idiota
um a um
dois a dois
sem você
sem nós dois
não tem graça
nada acontece
ninguém chora
ninguém adoece
todos mudam
ficam mudos de vez
não contam história
nem aquelas de era uma vez
dois a dois
sem você
sem nós dois
não tem graça
nada acontece
ninguém chora
ninguém adoece
todos mudam
ficam mudos de vez
não contam história
nem aquelas de era uma vez
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